- Better Money
- Posts
- Bitcoin — O Big Bang para acabar com todos os ciclos
Bitcoin — O Big Bang para acabar com todos os ciclos
Parte 1: Introdução aos Ciclos
Eu passei horas ontem sentado em frente ao computador pesquisando para buscar inspiração sobre o que escrever na Newsletter de hoje.
Meu objetivo era escrever algo que pudesse explicar pra vocês exatamente porque eu sou tão apaixonado pelo Bitcoin, e porque tenho total convicção de que estamos vivendo um momento revolucionário na história da humanidade, que será relembrado por milênios: a transição da Era Industrial para a Era da Informação, e a evolução da sociedade rumo ao dinheiro descentralizado.
É exatamente daí que veio o nome BetterMoney: eu acredito que a adoção do melhor dinheiro que a humanidade já conheceu será o catalisador de uma transformação profunda da raça humana, ou como diz Max Keiser, a “Renascença 2.0”.
Foi então que eu encontrei o maravilhoso artigo “Bitcoin — O Big Bang para acabar com todos os ciclos — Parte 1: Introdução aos Ciclos” escrito por Luke Mikic e brilhantemente traduzido pelo meu amigo Victor Gabriel (Panorama Maior, no X/Twitter).
Por mais que eu me esforçasse para escrever algo interessante, eu sei que não ficaria tão perfeito quanto este artigo, e por isso hoje eu te convido a ler a versão original do texto.
Essa é a Primeira Parte de uma série de artigos escritos por Mikic, que você pode acessar em sua versão original (em inglês) aqui. Em breve soltaremos a tradução da Parte 2.
Vamos ao que interessa?
Espero que gostem! Deixe seus comentários
Até a próxima,
Bernardo Braga
Bitcoin — O Big Bang para acabar com todos os ciclos — Parte 1: Introdução aos Ciclos
Este artigo é uma tradução/adaptação do texto “Bitcoin-The Big Bang to end all cycles- Part 1- Introduction to Cycles.” escrito por Luke Mikic o qual você pode acessar clicando aqui.
Parte 1 — Introdução aos Ciclos
Introdução à Série.
A magnitude da mudança que vamos experimentar nesta década é algo que muitos de nós não vimos em nossas vidas. É esse viés de recência que deixa a maioria das pessoas tremendamente despreparada para a mudança transformadora que está se aproximando nos próximos anos.

“Há décadas em que nada acontece e há semanas em que décadas acontecem.” — Vladimir I. Lenin
Nesta série, quero primeiramente revelar por que nosso mundo parece tão caótico, ampliando a visão e ilustrando a posição verdadeiramente única em que nos encontramos hoje em relação aos livros de história. Uma vez que entendermos onde estamos em relação a vários modelos e estruturas econômicas, culturais e geracionais cíclicas, muita da loucura no mundo começará a fazer sentido.

“3 precursores convergindo agora!”
Devemos enfrentar o desenrolar de vários ciclos cruciais e convergentes, além de lidar com muitos eventos com os quais nunca lidamos antes na história de nossa civilização…
- Ciclo de Quarta Virada — 90 anos.
- Ciclo Revolucionário — 250 anos.
- Ciclo de Dívida de Longo Prazo — 75/100 anos.
- Ciclo de Império — 250 anos.
- Ciclo de Tecnologia — 50/60 anos.
Transição para a era digital/sociedades de informação.
Bem-vindo a:
“Nossa década mais importante, dentro do nosso século mais importante.”
Neste primeiro artigo introdutório, quero apresentar brevemente todos esses ciclos subjacentes e macrotendências que começaram a mudar nosso mundo. Muitas pessoas, alheias a essas tendências subjacentes, proclamam que ninguém poderia ter previsto parte do caos que estamos apenas começando a ver. Espero fornecer clareza àqueles desorientados pela rápida mudança que nosso mundo começou a passar e tranquilizar o leitor de que toda essa mudança é necessária para a civilização humana evoluir e continuar a florescer na era digital que está por vir.
Após uma breve introdução aos ciclos, quero então apresentar e analisar alguns catalisadores e forças que surgiram desde que cruzamos o rubicão (ponto sem retorno) em 2020. Acredito que esses catalisadores têm o potencial de acelerar radicalmente a conclusão e o desenrolar dessas macrotendências subjacentes.
O primeiro catalisador pronto para acelerar radicalmente a linha do tempo deste evento de transição é o rápido deterioramento dos mercados financeiros tradicionais. Na parte 2 desta série, analisaremos o ciclo de dívida de longo prazo e discutiremos todas as bolhas de ativos e os desequilíbrios estruturais criados pelos ciclos de dívida de longo prazo. Ao explorar a história do dinheiro fiduciário, observaremos se esta inflação transitória, a loucura do mercado de recompra e as políticas monetárias de QE infinito são de fato sustentáveis, ou se são potenciais “canários na mina” indicando que estamos caminhando para um evento global de hiperinflação muito mais cedo do que a maioria espera.
A política monetária sem precedentes explorada nesse trabalho nos levará a analisar o segundo catalisador que influenciará a linha do tempo desta transição. Esse catalisador é a tecnologia.

Curvas de adoção.
As inovações tecnológicas estão sendo adotadas a uma taxa acelerada, à medida que mais e mais aspectos de nossas vidas fazem a transição do mundo analógico para o mundo digital. O Bitcoin é, curiosamente, uma tecnologia multifacetada com duas curvas S interconectadas. O Bitcoin como ativo de reserva de valor está sendo adotado por indivíduos de alto patrimônio, fundos de pensão, instituições e os maiores gestores de dinheiro do mundo de modo acelerado. A política monetária sem precedentes dos bancos centrais globalmente despertou as massas para o valor depreciativo de sua moeda fiduciária e levou este grupo específico, das pessoas mais ricas do planeta, em direção ao Bitcoin.
Essa adoção do Bitcoin como ativo de reserva de valor está reduzindo o risco do Bitcoin a ponto de estados-nação agora adotarem o Bitcoin como rede, para evitar taxas de intermediação predatórias e sanções internacionais. Essas duas curvas de adoção separadas estão se alimentando mutuamente e criando um ciclo de retroalimentação auto-perpetuante. Acredito que são os ingredientes perfeitos para desencadear um evento de adoção em massa do Bitcoin muito mais cedo do que muitos esperam.
Os primeiros e segundos catalisadores estão causando preocupação aos estados-nação, que atualmente têm o monopólio do dinheiro. Quanto mais rápido a população despertar para o problema do dinheiro fiduciário e a solução que é o Bitcoin, mais freneticamente o estado-nação tentará fechar a válvula de escape na tentativa de manter seu poder. Na parte 4, exploraremos a guerra pela realidade e a potencial separação entre dinheiro e estado que se apresenta diante de nós, enquanto a batalha de Davi e Golias está apenas começando.
Mas estou me adiantando, vamos primeiramente dar uma olhada nos ciclos subjacentes e megatendências que estão moldando nosso mundo.
Capítulo 1 — Pegue sua bicicleta, vamos dar uma volta
Por que o mundo está tão bagunçado, você pergunta?
A natureza cíclica da história humana ajuda a explicar a mudança radical que está ocorrendo em nosso mundo hoje. As civilizações e a produtividade em geral não progridem de maneira linear. É muito mais cíclico, ou similar a dar um passo para trás para dar dois passos para frente.

“Progesso não é linear” — Maria Montessori
O conceito de ciclos não é novo para o homem; como seres biológicos, vivemos através do ciclo natural da vida, decadência e eventual morte. É natural que governos, civilizações e sociedades experimentem um fenômeno semelhante. Isso tem sido observado pelo homem antigo há milhares de anos. Remontando a quase 3000 anos, os etruscos adotaram um ciclo de 100–110 anos que eles chamavam de saeculum.
Ciclo “da vida”.
O saeculum era dito ser modelado com base na duração da longa vida humana e era usado para lembrar a fundação de uma nova cidade ou um grande evento. Após a passagem de um saeculum completo (100 anos) desde a fundação de uma grande cidade, todas as pessoas que estavam vivas na época da fundação já não estariam mais vivas e um novo saeculum começaria.
Os romanos posteriormente adotaram o ciclo aproximado de 100 anos e modelaram seus jogos com base nesse ciclo de aproximadamente 100 anos. Os altos e baixos do saeculum serão revisitados mais tarde, mas este não é o único ciclo observado pelo homem antigo.

Um ciclo de governança.
Os filósofos gregos antigos Aristóteles, Platão e Políbio observaram um ciclo repetitivo que eles chamavam de Kyklos ou anaciclose. Anaciclose e Kyklos descrevem a mesma coisa: o ciclo de colapso governamental.
O trio observou centenas de colapsos civis anteriores e notou como cada colapso governamental tinha características semelhantes.

Duração de civilizações passadas, tempo médio de 336 anos.
A duração média das civilizações antigas estudadas parece ser de cerca de 330 anos. Curiosamente, 330 anos é a duração de três saeculums de 110 anos. Coincidência? Talvez, mas digno de nota, sem dúvida.
Da mesma forma que as quatro estações do clima se sucedem, onde uma árvore nasce na primavera e morre no inverno, os governos experimentam o mesmo ciclo de democracia, oclocracia, monarquia, tirania, aristocracia, oligarquia e o ciclo se repete quando a democracia é novamente requisitada.

Um ciclo de governança mais detalhado.
Uma frase recorrente que você ouvirá ao longo desta série é “o planejamento central sempre falha”.
Avançando para este milênio em particular, esta década de 2020 há muito tempo foi marcada como um ponto de inflexão crucial nos livros de história. Uma década em que passaríamos por mudanças significativas e daríamos “um passo para trás” em nossa conquista para dar “dois passos para frente” na evolução de nossa civilização.

“A história pode não se repetir, mas certamente rima.”
Existem várias megatendências subjacentes que estão prestes a transformar radicalmente nosso mundo neste período específico entre 2010–2030. É importante notar que esses ciclos e tendências estavam se desenrolando e se desenvolvendo lentamente bem antes de 2020. Os eventos de 2020 apenas atuaram como um catalisador que despertou as pessoas para esses desequilíbrios estruturais subjacentes, destacando como nosso mundo frágil se tornou desordenado.
Os seguintes modelos cíclicos e hipóteses perspicazes devem ajudar a esclarecer por que o mundo está como está.
Primeiramente, desde 2008, estamos vivendo a conclusão do ciclo de dívida de longo prazo de 80–100 anos. Nosso dinheiro nunca esteve tão quebrado, e o ciclo de dívida de longo prazo ajuda a entender como nosso dinheiro se tornou tão desestabilizado e desconectado da realidade. Todos estão familiarizados com o ciclo de dívida de curto prazo de 6–8 anos, também conhecido como recessão. A Crise Financeira Global de 2008 foi a recessão mais recente antes da recessão de 2019/2020. No entanto, muitos desconhecem como é o desenrolar de um ciclo de dívida de longo prazo, pois eles raramente se desenrolam. É nosso viés de recenticidade que deixa a maioria despreparada para os efeitos devastadores que um evento de desalavancagem em massa da dívida tem sobre a economia e a sociedade. Mais sobre isso na Parte 2.

Ciclo de dívida de longo prazo.
Outro ciclo que está se desenrolando atualmente é o ciclo de império de 250 anos. O império dos Estados Unidos, que foi formado na década de 1770, através da Declaração de Independência e da Guerra Revolucionária, governou o mundo nos últimos 250 anos. No entanto, da mesma forma que o império do Reino Unido passou por um período de declínio nos séculos XIX e XX após 250 anos de crescimento e domínio, os Estados Unidos parecem estar em uma trajetória descendente semelhante.

Estimativas aproximadas da posição relativa dos grandes impérios.
Uma superpotência em potencial pode estar desafiando o trono dos Estados Unidos, à medida que a China expande rapidamente seu império enquanto os EUA estão perdendo seu controle sobre o poder hegemônico da moeda de reserva global. À medida que a civilização progride através das 8 etapas de um império, o humor cultural da sociedade parece alinhar-se com os sinais de decadência observados na tese: do quarto de ciclo de 90 anos, apenas em uma escala de tempo mais longa.

À medida que as gerações crescem durante os bons momentos, elas não compreendem a força necessária dos homens fortes que CRIARAM os bons momentos que tornaram o império o que ele é. Existem tantos indicadores e bandeiras vermelhas que apontam que os EUA estão passando por tempos difíceis, ou a fase 8 de um império, a fase de “colapso”. UBI(N.T. Renda Básica Universal), taxas de impostos escandalosas, crescente desigualdade de riqueza decorrente de políticas monetárias exuberantes, diminuição da confiança nas instituições, aumento do niilismo, comportamento viciados nos mercados e divisão política polarizadora são apenas alguns sinais do declínio do império americano. Controles de capital normalmente são um dos sinais finais de um império em declínio, o que torna a discussão sobre ganhos de capital não realizados hoje nos EUA ainda mais sombria.

Capitalistas = Homens fortes — Socialistas = Homens Fracos
Outro ciclo interessante que se alinha com o ciclo de 250 anos dos impérios é o ciclo revolucionário de 250 anos. Uma vez que o pêndulo se moveu demais em direção ao poder centralizado, o povo pega suas forquilhas e se revolta, exigindo mudança, mais descentralização e liberdade, rejeitando o antigo sistema que foi construído para beneficiar as gerações anteriores.

Ciclo revolucionário de 250 anos.
Há 500 anos, o mundo testemunhou a separação entre igreja e estado no início dos anos 1500. Martinho Lutero, que foi um monge alemão, autor, sacerdote e filósofo, desempenhou um papel crucial na liderança da Reforma Protestante. Ele afixou suas 95 teses na porta da igreja católica, rejeitando a centralização. Lutero ajudou a traduzir a Bíblia, democratizando e descentralizando a informação para todos, em vez de as pessoas dependerem da igreja para decifrar e traduzir as escrituras. Isso foi fundamental para rejeitar as ideologias feudais medievais, o que acabou permitindo a separação entre igreja e estado e levou ao Renascimento. Esse período foi essencial para moldar o nosso mundo e possibilitou o surgimento das estruturas de governança democrática modernas.
Mais 250 anos depois, o mundo passou pelo mais recente período revolucionário, que ocorreu no final dos anos 1700. Nesse período revolucionário, ocorreram tanto a Revolução Francesa quanto a Revolução Americana, enquanto a Revolução Industrial também começava a transformar nossa economia baseada na agricultura. A Revolução Americana é um excelente exemplo de como os pais fundadores queriam uma estrutura de governança republicana mais descentralizada, em oposição a uma monarquia centralizada.
A Revolução Americana foi crucial na formação do nosso mundo moderno, que eventualmente deu origem à ideia de individualismo e proteção dos direitos de propriedade por meio da constituição. Essa mudança em direção ao capitalismo e a liberdade pelos EUA permitiu que eles superassem economias inferiores e, portanto, mais comunistas. Se tornando assim a superpotência global que são hoje.
Agora, 250 anos após a Revolução Americana, o pêndulo mais uma vez se moveu demais em direção à centralização e opressão. O ciclo de 250 anos aponta para esta janela específica entre 2010–2030 como um período revolucionário. Eu subscrevo essa tese, e da mesma forma que a prensa de gutenberg foi a ferramenta que permitiu a separação entre igreja e estado nos anos 1500, o Bitcoin será a ferramenta que usaremos para, finalmente, pela primeira vez em 5000 anos de história monetária, separar o dinheiro do estado.
“Separar o dinheiro do estado” — Fonte: @selfbankt
O terceiro modelo teórico que eu queria mencionar é chamado de ciclo de ondas de Kondratieff, também conhecido como ciclo de ondas K, proposto pelo economista russo Nikolai Kondratieff.

Ciclo de ondas K.
Kondratieff observou que inovações tecnológicas disruptivas iniciam um ciclo econômico de 50 a 60 anos que Schumpeter mais tarde chamou de ondas K em sua homenagem. A ideia de uma onda K é simples: durante os primeiros 25 a 30 anos após sua introdução, uma disrupção tecnológica expande a economia, criando empregos e indústrias inteiras à medida que grandes quantidades de capital fluem para essa nova indústria.

Cada revolução tecnológica desencadeia o processo de destruição criativa necessário para o capitalismo florescer e a economia evoluir.

Destruição criativa de Joseph Schumpeter: Capitalismo… É por natureza um método de mudança econômica… Os novos bens, os novos métodos de produção ou transporte… Que revolucionam a estrutura econômica por dentro. Destruindo incessantemente o antigo, criando incessantemente o novo. Este processo de destruição criativa é o fato essencial sobre o capitalismo. — Capitalismo, socialismo e democracia (1942).
(N.T. Não é por acaso que os comunistas ficam tão perturbados diante de disrupções que aceleram as transformações necessárias, saudáveis e naturais do status quo. Seja essa mudança evidenciada através de processos de falências, obsolescência de profissões e setores empresariais inteiros, ou outras decorrências, como temos visto recentemente com o avanço das I.A.s)
O ciclo econômico da onda de Kondratieff é apenas mais um modelo que teoriza que o mundo está passando por uma recessão no ciclo econômico. A tese da onda K afirma que a revolução tecnológica do boom da informação e das telecomunicações atingiu seu pico por volta da virada do milênio. O ápice do ciclo é evidente pelo estouro da bolha das ações de tecnologia em 2000 e pelo mais recente potencial de estagnação do progresso da Lei de Moore.

“Ainda é a sexta onda Kondratieff?”
Acredito que existam mais fatores em jogo que impulsionam o ciclo de expansão e recessão, em particular a intervenção governamental na forma de política monetária. Este artigo escrito por Murray Rothbard afirma que a maior parte do ciclo de expansão e recessão é causada pela intervenção governamental na economia, em vez de ser puramente um boom induzido pela inovação tecnológica. A principal conclusão é que este é apenas mais um modelo que aponta para esta década como um período de desaceleração econômica enquanto passamos pelo ‘vale de Kondratieff’ de 15 a 20 anos.

Percebo que a atividade econômica e o boom produtivo que o Bitcoin desbloqueia na próxima 6ª revolução tecnológica eclipsarão as revoluções anteriores de maneira inimaginável.
Outro modelo ou megatendência que quero analisar brevemente hoje é chamado ‘The Fourth Turning’, que é um excelente livro e tese popularizada por Neil Howe.
Como vou falar muito sobre tecnologia nesta série, pensei em fornecer uma tese contrária que visa explicar a natureza cíclica da história a partir de uma perspectiva diferente.

Tempos difíceis — Homens fortes; Homens fortes — Tempo fáceis; Tempo fáceis — Homens fracos; Homens fracos— Tempos difíceis
A maioria das pessoas assume que a tecnologia é a força principal por trás das mudanças. No entanto, a tese do ‘The Fourth Turning’ afirma o contrário. O clima cultural determina qual tecnologia é desenvolvida e, em última análise, adotada. Em termos simples, o ambiente sinaliza as demandas não atendidas que serão satisfeitas pelos empreendedores.
Cada uma das 4 viradas tem um ambiente específico que molda a cultura da geração em questão. Cada geração incorpora um dos quatro arquétipos que aparecem em uma ordem específica e repetitiva. — Bitcoin and the Rhythms of History, Brandon Quittem
Simplificando, as gerações são moldadas pela história e a história é então moldada por essas gerações.

“A natureza humana é como a água. Toma a forma de seu recipiente.” — Wallace Stevers
Inicialmente, isso pode parecer abrangente demais, mas a história mostra que, nos últimos 500 anos, a cada 80–90 anos, parece haver uma revolução ou um grande período de caos em cada janela de 22 anos, ou “quarta virada”.

Ciclos e Viradas Americanas conforme definidos por Strauss e Howe com suas Guerras, de 1704 até o presente.
Há 90 anos, estávamos no período da última quarta virada e, entre 1929–1945, o mundo experimentou a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial. Esse período também testemunhou uma grande ascensão populista com líderes como Hitler, Mussolini e Stalin, todos lembrando o mundo dos perigos do poder centralizado e da ideologia coletivista. Olhando para trás, a cada 90 anos, um período de mudança significativa ocorre, mas por quê?

A oferta versus a demanda por ordem
Quarta viradas são iniciadas por grandes eventos desencadeadores; pense na crise financeira global de 2008 ou no crash da bolsa de valores de 1929, por exemplo. É nesse momento que a sociedade desperta e percebe que a vida não é tão boa quanto pensavam, e a fé nas instituições e governos é questionada. A reação a esses catalisadores depende do clima cultural presente na época e da realização de que os tempos são difíceis e os homens são fracos. A sociedade demanda mudança e ordem, geralmente liderada pelo arquétipo do ‘herói’ que questiona as regras estabelecidas pelas gerações mais velhas responsáveis pelas instituições em colapso e falhando.
Cada quarta virada nos últimos 500 anos terminou em uma grande guerra que reorganiza a sociedade. Na nossa atual quarta virada (2008–2030), muitos antecipam uma guerra entre China e EUA. Temo que já exista uma forma de guerra muito pior em andamento, sobre a qual expandirei na parte 4, onde discutiremos a ‘separação do dinheiro e do estado e a guerra contra a realidade’.
Curiosamente, o ciclo de dívida de longo prazo de 80–100 anos parece entrelaçar-se com a quarta virada. O ciclo da dívida ajuda a explicar como a desigualdade de riqueza cresce através do processo de acumulação de dívida. Nesse ambiente de grave desigualdade de riqueza, a sociedade está mais suscetível a demandar mudanças quando desperta para a desigualdade e a decadência cultural que foram desmascaradas nas quartas viradas.

Participação na riqueza líquida dos EUA — 0,1% mais rico em vermelho e os 90% mais pobres em azul.”
A ascensão do populismo e visões políticas muito polarizantes é comum na “quarta virada”. O surgimento de Hitler na década de 1930 após o evento de hiperinflação na Alemanha na década de 1920 é um exemplo de sociedade buscando líderes extremos com visões extremas prometendo a mudança que a sociedade anseia.
Na nossa atual “quarta virada”, protestos e tumultos civis têm aumentado em todo o mundo desde a crise financeira global de 2008. Curiosamente, o mundo parece estar simultaneamente enfrentando uma crise da dívida e uma “quarta virada”. 2019 marcou um aumento acentuado no número de protestos globalmente, à medida que a confiança e a fé nos governos e instituições têm declinado após os históricos resgates governamentais de 2008.

“Executar hipotecas contra bancos e não contra pessoas”
Essa fonte previu que 80% dos 125 países analisados em 2019 veriam um aumento ainda mais acentuado no número de protestos até 2020 e ao longo de 2021. Os protestos mais notáveis em 2019 foram o movimento dos coletes amarelos na França, os protestos pela crise bancária no Líbano e os enormes protestos em Hong Kong, onde milhões de pessoas foram às ruas exigindo mudanças. Gosto de reforçar o fato de que tudo isso estava ocorrendo antes de 2020 e as políticas impostas pelo governo em 2020 e 2021 estão meramente atuando como um acelerador, à medida que cada vez mais pessoas saem da matriz e percebem que os homens são fracos e os tempos são difíceis.

“Vermelho — O único bem é o conhecimento: Azul — o único mal é a ignorância”
Assim como o “Fourth Turning”, “The Sovereign Individual” é outro livro com mais de duas décadas de idade e que envelheceu como um bom vinho. Os autores escreveram o livro em 1997 e refletiram sobre como a tecnologia mudou os equilíbrios de poder na sociedade ao longo dos últimos 10.000 anos. Muito antes do Bitcoin ser criado, eles tiveram uma visão incrível prevendo como a tecnologia, na forma de criptografia, informação distribuída livremente e dinheiro digital, teria mudanças dramáticas na sociedade na transição para a era digital.
A tecnologia e uma rede de comunicações globalmente interconectada poderiam influenciar significativamente o desenrolar desses ciclos.
A revolução tecnológica no século XX também adicionou outro ciclo à mistura. Com a introdução da internet, criptografia e um dinheiro digital confiável (Bitcoin), temos a chance de separar o dinheiro do Estado. Isso é um feito que a humanidade nunca foi capaz de alcançar ao longo dos últimos 5000 anos de história monetária e transformaria radicalmente como nos organizamos como sociedade. Mais sobre isso e a tese do indivíduo soberano na parte 3.
Conclusão
Nenhum ciclo é o fim de tudo, mas espero que ao destacar todos esses diferentes modelos históricos e estruturas teóricas, o leitor esteja mais preparado para entender a loucura que vemos presente em nosso mundo hoje. Uma vez que tenhamos compreensão da mudança de poder que está ocorrendo e do que está em jogo para o Estado-nação; podemos começar a entender quem está perpetuando muitas das distrações e inconsistências lógicas presentes na sociedade.

“Dêem-lhes pão e circo e eles nunca se revoltarão”
Ter uma compreensão da posição verdadeiramente única na história em que nos encontramos hoje deve ajudar o leitor a formar um quadro mental mais claro para avaliar a loucura presente em nosso mundo atual. Espero que este quadro ajude o indivíduo a se preparar e agir para os próximos anos, que eu espero serem os mais consequenciais da história humana.
Nunca vimos o desenrolar de qualquer um desses ciclos na história sem um salva-vidas ou válvula de escape. O pêndulo já estava naturalmente se afastando da centralização em direção à descentralização, destacado por muitos desses ciclos que discutimos brevemente hoje. Então uma tecnologia emerge(Bitcoin) e atua como um catalisador ao capacitar assimetricamente o indivíduo. Isso está agindo como um acelerador para afastar ainda mais o poder do estado e colocá-lo nas mãos do indivíduo soberano. Essa dinâmica do estado percebendo isso e tentando desesperadamente restringir o controle está fazendo com que muitos vejam as falhas na matriz mais cedo do que o fariam de outra forma.
O estado, em sua tentativa de reter o poder, manteve todos em casa em 2020, forçando-os a ficarem online. O estado-nação realmente acelerou exatamente o que estavam tentando esmagar, já que muitos encontraram e buscaram a verdade online, tendo sido desapontados e despertos pela experiência excessiva de poder do estado e pelas políticas monetárias abundantes em 2020.
Por que pagamos impostos se o estado pode imprimir dinheiro?

“Toda ação tem uma igual e oposta reação.” — Isaac Newton
Agora, o mais esclarecedor é que muitos desses ciclos econômicos, culturais, sociais e revolucionários parecem estar convergindo. Isso está amplificando os efeitos disruptivos que cada um desses ciclos individualmente possui e o resultado deles se desenrolando juntos poderia gerar resultados explosivos.
Muitos ainda estão aplicando antigos frameworks para projetar como o Bitcoin e o ambiente macroeconômico parecerão daqui a 3 anos. Muitos não estão observando a natureza exponencial dos catalisadores que mencionamos brevemente antes e exploraremos em partes futuras. Muitos modelos e projeções não estão sendo atualizados com as novas informações que surgiram nos últimos meses, já que a janela de Overton mudou tão dramaticamente que nada deve ser considerado improvável nos próximos anos.
Esses catalisadores que surgiram desde 2020 têm a capacidade de influenciar significativamente o cronograma de transição dessas megatendências subjacentes e ciclos que sustentam nosso mundo. Estou esperando que um horizonte de eventos seja alcançado nos próximos anos, onde veremos todos esses ciclos se desenrolarem juntos em um momento de grande impacto.
Parece que uma batalha de Davi e Golias está se desenhando nessa década de 2020, e o vencedor da batalha moldará que tipo de mundo viveremos enquanto fazemos a transição para a era digital.
Os resultados desta década têm o potencial de moldar nosso mundo por séculos, talvez milênios no futuro, à medida que a civilização faz a transição para a era digital. Com o surgimento da tecnologia, o ciclo que emerge do outro lado desta fase de transição tem o potencial de encerrar todos os ciclos e ser um “ciclo eterno” que altera significativamente o progresso de nossa civilização.
(N.T. É como vejo também)
Dois futuros muito contrastantes nos aguardam do outro lado desta transição no ciclo que encerrará todos os ciclos. Esses dois vídeos curtos pintam uma imagem esclarecedora de como a hiperbitcoinização poderia parecer em comparação com o pesadelo distópico orwelliano de 1984 que os banqueiros centrais querem nos forçar a viver.

“Ei camarada, você não atendeu à sua dose necessária de xarope de milho com alto teor de frutose. Estamos enviando o FedBux para o seu chip. Gaste em um fornecedor aprovado dentro de 10 dias.”
A tecnologia tem a capacidade de possibilitar um florescimento humano significativo e permitir à humanidade quebrar as algemas do roubo de tempo dos bancos centrais. Por outro lado, ela tem a capacidade de criar uma prisão eterna distópica, respaldada por identidades digitais, pontuações de crédito social e uma inteligência artificial robusta rastreando todos os nossos movimentos. Poderia se tornar quase impossível criar uma revolução neste potencial mundo distópico de alta tecnologia, onde o Grande Irmão rastreia cada uma de nossas transações, movimentos e até mesmo conversas.

Não é preciso uma maioria para prevalecer… mas sim uma minoria irada e incansável, interessada em colocar fogos de liberdade na mente dos homens. — Samuel Adanis
Como exploraremos na parte 2 desta série, onde analisaremos detalhadamente o ciclo de endividamento de longo prazo e a história das moedas fiduciárias; muitos desses ciclos emergem após o início da influência dos bancos centrais nos séculos XVII e XVIII.
Como @Laserhodl afirma interessantemente neste tweet, são os bancos centrais que criam homens fracos ao criar tempos artificialmente bons. Ao manipular o suprimento de dinheiro e assumir quantidades absurdas de dívida, os bancos centrais são capazes de consumir mais do que a economia está produzindo, o que cria um “boom de colapso”. Muitos desses ciclos, como o da “quarta virada”, Kondratieff e o ciclo de endividamento de longo prazo, nasceram apenas após a criação dos bancos centrais nos últimos séculos.

“Os bancos centrais impulsionam o ciclo da dívida; O ciclo da dívida impulsiona o ciclo de Kondratiev; O ciclo de Kondratiev impulsiona o ciclo demográfico; São os Bancos Centrais que criam homens fracos, não bons momentos.”
Pela primeira vez na história, temos a capacidade de diminuir significativamente a gravidade ou até mesmo encerrar esses ciclos de vez com a transição para um padrão Bitcoin.
Esses ciclos são uma função dos seres humanos. O Bitcoin retira o elemento humano dessa equação e o transfere para um protocolo computacional algorítmico resistente a qualquer redução ou mudança cíclica.
Como transformar o mundo? Transforma-se o comportamento humano individual. Como mudar os incentivos que ditam o comportamento humano? Fazendo isso ao colocar o controle do dinheiro fora das mãos dos humanos. Isso garante que os incentivos permaneçam alinhados.
Pela primeira vez na história humana, temos um sistema monetário sem governantes e as mesmas regras aplicáveis a todos os participantes. Satoshi construiu um protocolo monetário descentralizado cujas regras não podem ser alteradas arbitrariamente para criar cantilhões e desigualdade dramática de riqueza.
Com um protocolo monetário estável e sólido que não pode ser capturado e monopolizado, a humanidade se beneficiaria da primeira implementação verdadeira do capitalismo. É possível conceituar os benefícios de não mais ciclos de boom e busto induzidos pelo governo, não mais resgates e salvamentos, não mais controles de capital, não mais banco de reservas fracionárias, não mais pensamento e investimento forçados de alto prazo, não mais eventos hiperinflacionários, não mais cantilhões e não mais roubo de tempo.
A história da civilização está repleta dos intermináveis ciclos de depreciação monetária que criam esses ciclos perpetuantes de liberdade, opressão, revolução. A história humana está turva pelas águas ensanguentadas das revoluções e depressões econômicas. O grande Henry Ford imaginou como uma moeda vinculada à energia teria o potencial de acabar com guerras há mais de 100 anos.

“Ford previu o Bitcoin?” — Em destaque temos um comentário atribuído a ele num jornal da época onde comenta sobre a ideia de uma moeda baseada em energia para substituir o ouro e parar com as guerras.
A natureza humana é como a água, no sentido de que é moldada pelo recipiente em que reside. Nunca observamos como a sociedade poderia florescer e operar sob um sistema financeiro que está livre do ciclo de boom e bust e que desincentiva a violência, incentivando a cooperação pacífica.
É fácil se desorientar e ficar atordoado com a rápida mudança que nosso mundo está passando, mas lembre-se de como todos nós somos privilegiados por estar vivendo em um dos momentos mais interessantes da história humana, aqui no século XXI, à beira do renascimento propiciado pelo Bitcoin.

“É sempre escuro antes do amanhecer.”
Reply